Gotas de sabedoria – Para se chover durante a viagem

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Lisse, Holanda

Arrumar as malas, conferir reservas de hotéis, passagens, agendar o pagamento das contas, designar um molhador oficial para as plantas são tarefas leves quando se tem o pensamento voltado para o tempo que se terá para desfrutar uma viagem de passeio na Europa. Mesmo indo no inverno, e tendo colocando um monte de casacos na mala, a imaginação insiste em projetar situações cinematográficas sob um fantástico céu azul e, eventualmente, um tapete branquinho de neve sob os pés.

Londres, Inglaterra

Ao desembarcar, e constatar que está chovendo e que a situação deve perdurar durante todo o período da visita pode literalmente levar uma pessoa a “fechar o tempo”. Apesar de não ser a melhor das situações, o melhor a fazer é pensar que ainda assim será infinitamente melhor do que ficar em casa e, ao invés de se pagar um hotel para assistir televisão ou preparar o discurso de lamentações para a volta. Ponha o guarda-chuva na mala de mão e incorpore o espírito de Woody Allen, que considera a chuva seu tempo favorito. Até os que viajam em épocas tecnicamente ensolaradas não têm como evitar esta inevitabilidade.

Paris, França

Ao contrário de minha prima Aline, sou uma viajante que atrai nuvens – as cumulonimbus. É impressionante como, independente de estação ou destino escolhido, a chuva, com raríssimas exceções, sempre dá o ar da graça quando sabe que estou prestes a chegar. Por conta disso, tive que aprender a parar de reclamar e desenvolver mecanismos para tirar partido deste “inconveniente”.

Corfe, Inglaterra

Ter uma perspectiva positiva, obviamente não elimina sapatos molhados e outras chatices, porém, um planejamento flexível incluindo boas doses de atividades abrigadas, como visita a museus, galerias ou percursos em ônibus convencionais passando por atrações turísticas fazem com que uma visita em tempo de chuva seja até mais aconchegante.

Lisse, Holanda

A menos que se esteja planejando acampar, o que requer bom senso na escolha da estação apropriada, chuva não arruína férias e nem é motivo para cancelar todos os planos. O que pode estragar é a recusa em aceitá-la e deixar de fazer adaptações. Para quem visita um centro urbano, as alterações serão muito pequenas e, dependendo da época, encontrará uma cidade mais tranquila, atrações mais vazias e até hospedagem mais barata.

Veneza, Itália

Reduzindo a tentação de correr para ver tudo, a chuva nos força a uma mudança no ritmo e nos torna mais perceptivos, observadores e reflexivos. Destinando mais tempo para ver menos coisas, acaba se tornando uma viagem muito menos cansativa e descompromissada. Com uma abordagem meio “o que vier é lucro” e desobrigados de ficar engomados, levantamos um pouquinho o guarda-chuvas para reparar que a arquitetura de Paris, por exemplo, fica mais até mais bonita quando molhada.

Dubrovnik, Croácia Dubrovnik, Croácia

Para quem aprecia fotografar, as oportunidades são únicas. A pouca luminosidade da chuva torna as cenas mais suaves e até românticas e raios ou formações pesadas de nuvens conferem um fantástico ar de dramaticidade. Depois que a chuva passa – e isto inevitavelmente acontece, as gotas que ficaram sobre a vegetação, o reflexo do sol nas poças duplicando a paisagem ao redor ou até mesmo o arco-íris, serão os esplêndidos presentes da natureza para os que perseveraram. É para sair cantando na chuva…

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