Jardins do Museu Cluny – Um pedaço da Idade Média na Paris do século 21

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Jardin Médiéval de Cluny

Quem passa pelo movimentado cruzamento do Boulevard Saint-Michel e o Boulevard Saint-Germain no trepidante Quartier Latin em Paris, muitas vezes sequer desconfia que do outro lado do gradil que cerca o terreno do Museu Cluny da Idade Média exista um sossegado jardim e que dentre seus canteiros cresça até uma pequena horta indiferente ao barulho ao redor.

Jardin Médiéval de Cluny

Os jardins medievais de Cluny são uma espécie de dedal à vista. Talvez a distração de tantas lojas, cafés e restaurantes e pessoas circulando neste trecho especialmente animado do quinto “arrondissement” roube a atenção de um turista desavisado, ao contrário dos parisienses, que conhecem e tiram partido do sossego do lugar para a comum prática de tomar um sol enquanto se almoça ao ar livre.

Jardin Médiéval de Cluny

Os jardins medievais de Cluny são um anexo do Museu Nacional da Idade Média. Apesar de parecerem muito antigos, a forma atual é fruto de um projeto relativamente recente dos paisagistas Éric Ossart e Arnaud Mauriéres, que decidiram criar um jardim moderno evocando todas as referências da jardinagem medieval.

Jardin Médiéval de Cluny

Composto de plantas comumente cultivadas na Idade Média os trechos distintos do jardim, alguns organizados, outros rústicos, mostram em sete diferentes temas como costumavam ser durante a Idade Média. Com painéis explicativos e nomes curiosos, é quase uma aula de história, complementando o acervo do excelente “Musée National du Moyen Age” ao lado.

Jardin Médiéval de Cluny

Jardin Médiéval de Cluny

Dependendo da época do ano, podem ser encontradas na horta, “Le Ménagier”, plantas comestíveis utilizadas na época como repolhos, favas, rabanetes, nabos, beterrabas além de groselhas, cerejas, uvas e temperos como estragão, alecrim e erva-doce.

Jardin Médiéval de Cluny

O “Jardin des simples médecines” retrata uma parte importante de qualquer jardim medieval, o cultivo das ervas medicinais. A vegetação deste trecho obedece aos princípios adotados pela medicina da época, quando se acreditava que o formato da planta indicava seu uso – Uma folha com forma de coração era empregada no tratamento de doenças cardíacas, por exemplo.

Jardin Médiéval de Cluny

Há também a Floresta dos Unicórnios, com castanheiras, avelaneiras e pés de marmelos, nêsperas e ameixas. Na parte do prado, “Le Preau”, fica a fonte cercada de flores popularmente cultivadas na época como prímulas, margaridas, narcisos e até tulipas.

Jardin Médiéval de Cluny

A “viagem botânica pela Idade Média” prossegue pelos jardins com vegetação e nomes sugestivos, como os Jardim do Amor com flores e plantas perfumadas e doces, o Jardim Celestial com flores que simbolizam religiosidade como lírios do vale e violetas e o Jardim do Éden com diversas variedades de rosas.

Jardin Médiéval de Cluny

Complementado os jardins no lado de fora, a Square Paul Painlevé, bem em frente ao acesso ao museu também faz parte do mesmo projeto paisagístico e recebe o nome de “tapete de mil flores”. Com sua grama alta e selvagem e plantas aromáticas que dão enorme quantidade de pequenas flores na primavera, é uma praça pequena e bem diferente do modelo parisiense de vegetação “arrumadinha”, exatamente com a aparência de uma praça da Paris medieval.

Jardin Médiéval de Cluny

O acesso ao “Jardin Médiéval du Musée de Cluny” é inteiramente gratuito. Apesar de o endereço oficial ser o 24 da rue du Sommerard, a entrada fica exatamente na esquina da Rue de Cluny com o Boulevard Saint-Germain. A estação de metrô mais próxima é Cluny-La Sorbonne na linha 10 e o horário de abertura, que varia conforme a temporada pode ser consultado em http://equipement.paris.fr/jardin-medieval-du-musee-de-cluny-2443

2 thoughts on “Jardins do Museu Cluny – Um pedaço da Idade Média na Paris do século 21”

  1. Valeu!
    Post impecável.
    Tá na lista…
    Congratulações!!

  2. Obrigada, Aline

    O jardim é um ótimo ponto para saborear em um ambiente calmo um crepe de um dos cafés do Boulevard Saint-Germain bem em frente ou um sanduíche comprado na porta de um dos inúmeros restaurantes das Rue de Saint-Jacques ou Dante. Por ser tão perto, chegam ainda quentes.

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