Gelato – A maior atração turística da Itália

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Embora muitos possam negar, tão importante quanto o Coliseu, a Torre de Pisa, o Davi de Michelangelo ou a Piazza de San Marco, o fantástico gelato é também um dos responsáveis pela enorme quantidade de turistas que invadem a Itália, doidos por um sorvete de qualidade.

Monteriggioni

Jamais esqueci o primeiro gelato: Num final de tarde, cansada de uma penosa viagem, eu chegava a Florença, a primeira cidade que conheci na Itália. Com o auxílio de uma aspirina, saí para um reconhecimento básico da cidade, que acabou durando horas – não havia diferença de fuso que apagasse a minha animação. Lembrei da tal da “Síndrome de Stendhal”.

Florença

Andando sem parar, notei que seria prudente recarregar as baterias, ingerindo algo energético, com açúcar. Consultei os apontamentos procurando por sorvetes e, perto de onde estava, em uma rua estreita e escura, tinha uma das gelaterias da lista. Entrei desconfiada na loja – feia, com cara de boteco de quinta e praticamente vazia. Ao ver o caixa, o atendente e “o” freguês com os olhos grudados no futebol da televisão, tive vontade de dar meia volta, mas o sorvete era tão barato, que pedi um copinho de pistache e zabaione.

Piazza della Ss Annunziata, Florença

Ainda no bar, esperando o troco, provei… Foi como estivesse em uma propaganda de margarina: Na primeira mordida fui transportada para um viçoso jardim, absurdamente florido, com direito a arco-iris e céu azul ao fundo. Foi uma experiência inesquecível e, possivelmente responsável por me fazer retornar tantas vezes a este excepcional pais.

Roma

Sorvete na Itália muitas vezes desafia a lógica: Você entra em uma gelateria com uma decoração toda transada e o produto é medíocre. Outras vezes, andando em uma rua feia e esquisita, vê um deselegante sorvetão de fibra de vidro na frente de uma portinha meio decadente, entra, prova e sai levitando, encantado com a qualidade e o gosto.

Siena

Embora grande a tentação, nunca passei as férias exclusivamente neste país. Procuro conhecer as regiões da Itália aos bocados para saboreá-las devagarinho – exatamente o contrário ao tratamento dispensado aos sorvetes. Quando tenho a oportunidade de visitar uma cidade italiana, me empenho em encontrar aquilo que passei a chamar de gelato “de raíz” – aquele sorvete fantástico, com ingredientes verdadeiramente naturais, feito artesanalmente e com a simplicidade daquilo que é perfeito.

Reconhecer um gelato “de raíz” é uma habilidade na qual ainda engatinho. Por enquanto, tenho elementares conclusões, como:

– As óbvias filas ou a presença de locais e não apenas de turistas;

– A expressão “Fatta in casa” ou “Produzione Artigianale”;

– Aparência pouco firme na vitrine e derretendo facilmente ao serem consumidos;

– Variedade excessiva de sabores pode denunciar sorvete antigo que foi “reciclado” ou preparado com mistura industrializada. Seria preciso trabalhar duro na madrugada para ter 50 produtos diferentes na hora de abrir a loja;

– As cores não são exatamente vibrantes: o de pistache tem um tom cinza esverdeado, o de morango e o de banana são um pouco escuros, por exemplo;

– Os sabores de fruta pura tem uma espécie de transparência, pela ausência do leite;

– Sem cristais de gelo, que indicam adição de água;

– Gelato bom não provoca sede por excesso de açúcar, é leve e não empanturra, nem deixa a boca engordurada.

Campo San Maurizio, Veneza

Embora ainda “precise comer muito feijão”, ou melhor, sorvete, o tempo e a insistência vão me transformar em uma profunda (e obesa) conhecedora do assunto. Cada viagem à Itália é uma oportunidade para entrar no “modo detetive” e agregar novas e reveladoras descobertas. Apesar de em muitas missões ainda quebrar a cara, ao menos a temperatura do gelato funciona como anestésico.

2 thoughts on “Gelato – A maior atração turística da Itália”

  1. Da próxima vez pare na Gelateria Carabé,que fica ali na mesma rua da Galleria dell’Accademia, um pouquinho antes de chegar na Galleria. Se for de noite, converse com Simone, meu marido! Ele adoooora conversar com brasileiros! Peça pra ele te contar a história do gelato e tb peça pra experimentar o sorvete e a granita! Tenho certeza q vc não vai se arrepender! Pode falar que fui eu q indiquei!
    Bjus

  2. Monica,
    Coincidentemente, estou planejando voltar a Florença no início do ano. Se tudo der certo, sem dúvida passarei por lá para uma granita de amêndoas.

    Mais uma marcação no meu mapa da gula. Obrigada pela indicação.

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