Sabe aquela imagem inconsciente que fazemos da Espanha com castanholas, guitarras, casinhas brancas, palácios, palmeiras e laranjeiras? Pois muito de tudo isso ainda existe no sul do país em uma de suas regiões mais interessantes: a Andaluzia. Talvez pelo fato de ter sido ocupada por tantas culturas diferentes, tenha aprendido a incorporar mudanças sem se descartar do antigo.

Um dos grandes atrativos para quem visita a Andaluzia é o fantástico legado arquitetônico e cultural deixado pelos mouros. Com todo o desenvolvimento e conforto do século 21, estas cidades preservam até hoje alguns costumes da tradição árabe, como as casas que servem chá, as teterias.

O conceito de uma “tetería” é bem diferente do um salão de chá. Ao invés de espelhos, mesas com toalhas rendadas e lustres de cristal, o ambiente é íntimo e acolhedor. São lugares frescos, normalmente ocupando pátios com plantas, flores e até fontes. As salas recebem uma iluminação suave, com mesas baixas, cadeiras ou almofadas revestidas com tecidos em cores vibrantes e motivos árabes.

Em uma teteria não existem “garçons” empinados servindo com luvas brancas biscoitinhos amanteigados a senhorinhas cheirando a laquê ou pó de arroz. Sua atmosfera informal atrai e faz parte da rotina de pessoas de todas as idades e esferas sociais. São particularmente muito procuradas por estudantes em busca de conversa animada ou uma refeição rápida, saudável e com preço justo.

Além da imensa variedade de chás e deliciosas infusões de ervas aromáticas, flores ou frutas adoçadas ou não com mel, o típico cardápio de uma teteria inclui normalmente doces e pratos árabes, crepes, tortas doces e salgadas, sanduíches, cervejas, sucos de frutas e os nutritivos “batidos” de frutas com leite.

O “narguilé” ou “sisha”,  tradicional cachimbo com tabaco aromatizado com morango, maçã, menta, mel e outros sabores,  era um dos maiores geradores de receita em uma teteria. Com a entrada em vigor da Lei Antifumo, muitos proprietários tiveram enormes prejuízos, tendo inclusive, que dispensar empregados para reduzir despesas. Passado agora algum tempo, apesar das baixas na freguesia, elas “andaluzamente” absorveram as mudanças e continuam resistindo.

Tenho um carinho especial por esse tipo de estabelecimento: Um chá de “manzanilla” (camomila) com mel salvou meu estômago e o dia de passeio após uma superdose de “Paella”. As teterias são verdadeiros oásis para turistas com os pés cansados, cabeças quentes ou estômagos vazios. Embora uma tradição tipicamente andaluza, elas também podem ser encontradas em outras cidades espanholas fora da região. Não deixe de conhecer!