Discretamente fora do clássico circuito turístico, Roma-Florença-Veneza, Gênova, na região da Ligúria é um fantástico destino italiano. Sem ter que carregar o peso da fama, esta outrora poderosa cidade, terra natal de Cristóvão Colombo, surpreende os visitantes com sua bela topografia, boa comida e grande quantidade de atrações culturais, que quase ninguém ouviu falar e, no entanto, são ótimas.
Precisando alterar a ordem do roteiro por causa da chuva, frio e forte ventania, ao invés do habitual passeio de exploração a pé, decidi começar a visita por um local que oferecesse abrigo.
A escolha recaiu em um museu convenientemente próximo ao hotel, o “Museu delle Culture del Mondo” no Castello D’Albertis. Tendo entrado sem nenhuma expectativa especial, saí de lá com o sol timidamente ressurgindo e muito satisfeita pela escolha.
Situado no topo de uma colina, o Montegalletto, o Castello D’Albertis é uma bonita mansão do final do século dezenove com uma extraordinária vista do porto e da cidade. Construído sobre as ruínas de um antigo forte, foi residência do excêntrico Capitão Enrico Alberto D’Alberti, um incansável e curioso viajante que reuniu em sua casa objetos coletados em todos os lugares que visitou.
O colecionador, fotógrafo, aventureiro, apaixonado por relógios de sol e profundo admirador de Cristóvão Colombo, Capitão D’Alberti, que deve ter sido uma figura e tanto, generosamente deixou para a cidade de Gênova não apenas o palacete, mas todo seu acervo quando faleceu. O castelo que andou um pouco decadente passou por um ótimo processo de restauração e a atual instalação contando com painéis em Braille, vídeo guias com linguagem de sinais, elevador e rampas, é universalmente acessível.
O Castello D’Albertis – “Museo delle Culture del Mondo” é na prática dois museus em um. Na primeira parte, a residência propriamente dita, ficam os suntuosos salões mobiliados do capitão como o Salloto Turco, a Sala Colombiana com uma escultura de Colombo ainda jovem, voltada para o ocidente na varanda, a Sala Gótica e a Cabine do Capitão.
No meio de tudo, as vitrines exibem de forma quase caótica o impressionante acervo do capitão. Esta aparente bagunça é encantadora, pois a disposição dos objetos ao invés de obedecer a técnicas de museologia, reflete o gosto pessoal e entusiasmado de um colecionador em sua própria casa.
Na segunda parte da visita, a disposição inteligente de um museu moderno toma lugar para exibir um bem explicado, bem iluminado acervo composto de peças pré-colombianas das Américas África e Oceania, incluindo instrumentos musicais.
A coleção é suficientemente grande e variada, sem se tornar exaustiva. O museu também possui uma seção, dedicada às antigas práticas de medicina chinesa, indiana, tibetana e islâmica.
Do lado de fora, os jardins e na fachada do prédio voltada para o mar, pode ser visto um enorme relógio de sol construído pelo próprio capitão D’Alberti. Por ali também fica o busto em homenagem a Colombo tendo ao lado o brasão da família do ilustre descobridor genovês.
O Castello D’Albertis/Museo delle Culture del Mondo funciona todos os dias da semana. Os horários podem ser consultados neste link. O endereço é Corso Dogali 18, uma ladeira bastante íngreme. Partindo do centro ou da estação de trens Brignole, se chega lá de ônibus pelas linhas 39 ou 40. Quem está perto da estação de trens da Piazza Principe pode tomar o elevador público na Via Balbi, altura do 33, o incomum Ascensore Castello D’Albertis-Montegalletto, outra surpreendente atração em Gênova.