Com o dia da viagem chegando e tendo a tranquilidade de um roteiro praticamente pronto, surgiu a tentação de dar uma mexida, já que a permanência em Paris estava um pouco longa. Saudosa de Londres e lembrando da simplicidade que é viajar de trem, tiro o cartão da bolsa para comprar a passagem no Eurostar que, claro, para uma data relativamente próxima estava caro. Pesquisando a via aérea, o mesmo problema. Reparo na mesma tela o anúncio de um voo redondinho (hora boa, muito barato e num dia legal) só que de Paris para Edimburgo na… Escócia.

Ou seja, caso apertasse o “enter” teria agora que, além de Londres para Paris, ir de Edimburgo para Londres. O bom senso mandava desistir. Mas quem liga prá isso? Comecei a procurar transportes no Reino Unido até encontrar esta alternativa, que classifico como uma das melhores viagens que já fiz. Com um ótimo preço e poupando uma noite de hotel, fechei a compra do trem noturno Edimburgo-Londres, a irresistível aérea Paris-Edimburgo. Para diminuir os gastos, fiz o trecho Londres-Paris de ônibus, que, hum…, classifico como uma das piores viagens que já fiz.

Quem pretende viajar ou está na Inglaterra e sonha conhecer a Escócia, ou o inverso, existe uma alternativa confortável e agradável. São os trens “Caledonian Sleeper” que ligam Londres a diversas cidades da Escócia, em trens noturnos. A alternativa é também conveniente para os que dispondo de pouco tempo de estada possam viajar enquanto dormem ao invés de perder preciosas horas de passeios durante o dia.

Na época em que viajei e escrevi o post ainda era possível conseguir por 19 libras uma passagem em uma confortável cabine dupla na classe standard. Ao atualizar a informação em 2016, percebi que a concessionária é outra que as tarifas com imensos descontos não são mais praticadas. Ainda assim, viajar de madrugada e economizar uma diária de hotel pode ser mais vantajoso do que pagar menos e perder quatro ou cinco horas dentro de um trem diurno.

Nosso trem sairia da estação de Waverley, bem no centro de Edimburgo às 23h40 e chegaria a Londres, na estação de Euston às 07h07. No dia da partida, ventava, fazia frio de e, para piorar, começou a chover forte no final da tarde. Com a programação inteiramente cumprida e já tendo jantado, ao ver as lojas fechadas e ruas vazias às 20h30, só nos restava pegar as malas no hotel e matar o tempo assistindo TV em um pub.

Chegando ao hotel para resgatar a bagagem, fomos envolvidos pela atmosfera aquecida e convidados para nos servimos de chá. Lembrando da conexão WiFi com velocidade meio mais ou menos, mas gratuita e com senha conhecida, pedimos e obtivemos abrigo nas poltronas da recepção. Às 22h45, já secos e entediados, decidimos seguir para a estação de trens, ali perto, para esperar em um banco, pelo menos diferente, a hora da partida.

Uma vez na estação, fomos para a plataforma, e, surpresa: o trem já estava lá, e o melhor, o embarque liberado. Tivemos 40 quentinhos minutos antes da partida para nos instalar. Foi também bastante simpático, na pontual chegada em Londres, não precisar desembarcar que nem um desembestado. A cabine estava disponível até 08h00.

A equipe de reportagem deslumbrada com travesseiros, lençóis, cobertores, aquecimento perfeito e um sono avassalador, deixou de fazer qualquer registro fotográfico da experiência. Como punição, teve que viajar de Londres a Paris de ônibus e, desta vez por pura pirraça, nada de fotos.