Sou uma fazedora de roteiros chata por buscar informações em mais de uma fonte para não ficar à mercê de uma referência irresponsável ou desatualizada. Por ter em uma viagem anterior visitado o Vale do Loire, e querendo que o pessoal dessa rodada tivesse semelhante experiência, consultei as bases. Não sentido entusiasmo, a idéia foi descartada e a pesquisa abandonada. Seguimos para Paris deixando uma diária do hotel em aberto para uma eventual escapada.
Já em Paris, chegou o dia desta tal lacuna e escolhemos ficar por lá. Na recepção do hotel, descobrimos que estava lotado. Tentamos outros dois conhecidos, sem sucesso. Aí a ideia do Loire foi ressuscitada. Consultamos o hotel cogitado na cidade de Blois e, sim, o preço da diária era atraente e havia disponibilidade. Reserva feita e com o hotel de Paris gentilmente guardando a bagagem, deixamos a cidade no final da tarde, sem mapa e sem planos. Eu lembrava vagamente que de Blois saía um ônibus que fazia o “Circuito dos Châteaux”. Sabíamos também que o hotel ficava um pouco afastado da estação de trens.
Ao desembarcar, atravessamos a praça da estação dispostos a descobrir com um nativo (ainda não havia GPS) como chegar ao hotel. Só que não encontramos vivalma na rua, as lojas estavam todas fechadas, apesar de ser um sábado e perto das sete da noite. A sorte foi encontar em uma parada de ônibus na calçada oposta um mapa de situação iluminado, o popular “vous êtes ici”, que (Vive la France!) era tudo que precisávamos.
Caminhando por quase meia hora sem ver ninguém e nada do hotel aparecer fomos atacados pela fome e imaginando passar a noite sentados em um banco na estação de trens. Foi então que avistamos aquele familiar “M” amarelo. Entrar naquela enorme loja do McDonald’s foi quase um abraço. O típico cheiro de batata frita, normalmente detestado, transmitia uma adorável sensação de lar. E o melhor: uma fila enorme, um barulhão – a loja estava entupida de humanos.
O hotel ficava um pouco adiante – Sim, ele existia, mas pelo silêncio reinante deu para perceber que estavam com pouquíssimos hóspedes. Da janela do quarto, para não dizer que não se tinha nenhum ser vivo, avistamos uma enorme quantidade de coelhos correndo e pulando tranquilamente na grama.
Na manhã seguinte, o plano era pegar cedo o ônibus “Navette Châteaux”, para visitar os Châteaux de Cheverny e o de Chambord. Na volta, o Château de Blois na própria cidade, e trem de volta a Paris. Sem pesquisa prévia, não sabíamos o horário e pior, que não circulava todos os meses. Descobrimos, no entanto, que havia uma linha de ônibus regular que sairia pouco depois do meio dia passando no Château de Chambord, e que deste partia uma viagem de volta para Blois às cinco da tarde: Já era alguma coisa.
Partimos então para o Château de Blois e ainda tivemos tempo para uma volta na cidade – incrivelmente vazia. À tarde pegamos o ônibus da linha 2 da empresa TLC, visitamos o Château de Chambord, voltando para Blois, de onde embarcamos no trem de volta a Paris, agora sim, com direito a hospedagem.
Apesar de não termos conseguido visitar o Château de Cheverny, foi, mesmo com tudo incerto e improvisado, um ótimo passeio. Intrigada com a cidade vazia, descobri mais tarde que era feriado em Blois naquele domingo em que lá estivemos.
Blois tem também o melhor restaurante que fomos (eu e meu marido) na França com preço “normal”. O caldo de entrada foi o melhor da minha vida. Fica bem no centro, na praça Louis XII e se chama Le Clipper. Fomos em abril deste ano e eu ainda sonho com aquela comida. Hummm
Raquel,
Obrigada pela valiosa dica, sempre útil para quem viaja.
Lembro de termos passado um aperto em uma chegada noturna, aparentemente feriado, mortos de fome.
Valeu!!