Viajar, não importa para onde, é sempre bom. Passar uns tempos longe de casa, esquecer os problemas, dar um tempo no trabalho e partir com o único compromisso de ver coisas novas é altamente revigorante. As obrigações se resumem em descobrir lugares interessantes, comer besteiras gostosas, comprar quinquilharias engraçadinhas e produzir fotografias bonitas.
Talvez movida por um sentimento de culpa por estar no bem bom, ou querendo mostrar serviço, quando entro no modo turista assumo a personalidade de fotógrafa documentarista em importante missão e saio registrando tudo o que encontro pelo caminho. Na volta, ao deletar as fotos tremidas, com um pedaço do dedo na frente do monumento, ou com cabeças cortadas, descubro nas poucas imagens decentes que sobraram, a indefectível presença de outros “colegas” vestidos de vermelho, roubando a cena.
É impressionante como turista gosta de botar um vermelhinho básico para passear. É sabido que as cores exercem uma forte influência sobre os humanos, e numa situação descontraída como uma viagem de férias nada mais coerente do que vestir uma roupa de cor estimulante.
Deveria existir uma lei proibindo as pessoas de usar vermelho nas atrações turísticas. As ondas vermelhas são as mais largas do espectro de cores visíveis e em uma foto por mais distante que esteja, a criatura rubramente trajada ela vai chamar mais a atenção que a Torre Eiffel.
Possivelmente influenciada pelo lado negativo da cor, ao ver pessoas vestidas de vermelho nas minhas fotos sou levada a um estado de irritação e impaciência. Aí mentalizo um azul e, mais calma, ponho a mão na consciência e lembro que também sou uma turista que usa vermelho e já devo ter atrapalhado um bocado de fotografias. Embora não tenha moral para reclamar, assim como quem não quer nada, dê uma olhadinha em suas fotografias de viagem e confira se não estou certa…