Lembro sem saudade da primeira vez em que visitei Madri chegando por via aérea. Era a penúltima etapa do roteiro, antes seguir de trem para Barcelona, e voltar para casa. Apesar do natural cansaço que surge no final da viagem e de estar chegando à noite no Aeroporto de Barajas, estava decidida a ir para o centro da cidade utilizando o metrô para escapar do tráfego engarrafado (eram sete horas) e, sobretudo pelo forte apelo de, na época, ser a alternativa mais barata.

Nem o fato de estar vindo de Paris, com suas cruéis escadarias no metrô, e tendo que fazer duas baldeações até o hotel me desanimou. Queria vingança, confiando na profusão de escadas rolantes na Espanha. E foi precisamente o que encontrei: Do terminal do aeroporto até a estação do metrô entre esteiras e escadas rolantes passei por umas sete ou oito. Na estação, Nuevos Ministerios, de baldeação e de onde pensei que nunca fosse sair, e na segunda passei por intensa “sessão-escada-rolante”.

Recentemente voltei a Madri, e tal gato escaldado fugindo de água fria, estava disposta a evitar a qualquer preço a longa caminhada na estação Nuevos Ministerios. Comecei a pesquisa buscando valores de “shuttles”, porém meu incorrigível lado “mão de vaca” mergulhou mais fundo e com satisfação encontrou alternativas de transporte ligando Madri ao Aeroporto de Barajas, igualmente baratas, e, dependendo do local de hospedagem, bem mais convenientes que o metrô.

Desta vez utilizei e gostei bastante do excelente serviço de ônibus “Exprés Aeropuerto” que funciona 24 horas por dia durante toda a semana. Partindo da frente dos terminais de desembarque T1, T2 e T4, e com espaço para acomodar a bagagem, faz apenas duas paradas (em O’Donnell e Plaza de Cibeles) antes de chegar ao destino final, a estação de trens Atocha RENFE, bem centro da cidade.

As passagens são compradas diretamente com o motorista e a viagem leva, dependendo do tráfego, cerca de 40 minutos com frequência de 15/20 minutos. Depois das 23h30, e saindo a cada 35 minutos, a parada final na cidade passa a ser a da Plaza de Cibeles, por ser este o terminal (ou ponto de partida) de todas as linhas de ônibus que circulam durante a madrugada, os “búhos”.

Aumentando o leque de possibilidades de transporte barato e eficiente, depois de demoradas obras a RENFE, empresa de trens na Espanha passou a oferecer melhorias na linha suburbana (Cercanías) C1. Com partidas a cada 30 minutos, funciona das seis da manhã até às dez e meia da noite chegando à estação de Principe Pio em 38 minutos.

Os trens saem do terminal 4 do Aeroporto de Barajas, ligado aos terminais 1,2 e 3 por um serviço gratuito de ônibus. Além de rápido e direto para quem fica em Madri, é uma conveniente opção para os que prosseguem para cidades próximas. Com paradas nas principais estações de trem da cidade e terminais rodoviários, como Chamartin, Nuevos Ministerios, Atocha, Mendez Alvaro e Principe Pio, ainda oferece a vantagem de sair de graça para os que chegaram ou vão viajar em um dos trens de alta velocidade, o AVE, o “Combinado Cercanías”.

Pude experimentar esta linha de trem na volta para o aeroporto e fiquei bastante satisfeita com a simplicidade, rapidez e com o preço da passagem. Com toda essa facilidade para se chegar e sair, sendo uma cidade muito interessante, com tantos bate e voltas fantásticos muito próximos, Madri vai acabar se transformando em mais uma figurinha fácil do meu álbum de viagens.