Existem cidades tão atraentes que despertam em quem a visita, não importa por quanto tempo, um sentimento de insatisfação por não se ter visto tudo o que queria e esta pessoa obcecada cedo ou tarde vai dar um jeito de voltar. Assim sou eu com Barcelona: com a desculpa de ter me tornado fiscal de obras da Sagrada Família adquiri uma espécie de salvo-conduto para retornar. Como o que é obrigatório já está visto, fico livre para conferir as, ao menos para mim, novidades.
A lembrança de ter visitado os interessantíssimos Teatre Nacional de Catalunya e l’Auditori perto da Plaça de les Glories e da Torre Agbar há uns sete anos atrás provocou tamanha antipatia com a área ao redor, na época feia e completamente destituída de graça, que a risquei do mapa. Porém, ao ver imagens dos novos prédios do “Distrito @22”, a curiosidade transformou o retorno em uma necessidade.
O bairro de Poblenou, até bem pouco tempo esquecido pelos habitantes de Barcelona e ignorado pelos turistas, vem aos poucos conquistando a atenção das pessoas e despontando como um lugar “da vez”. No século 19 era uma área industrial e com o fechamento de quase todas antigas fábricas tornou-se um local bastante degradado e cheio de terrenos baldios.
Depois dos Jogos Olímpicos de 1992, Barcelona se tornou uma cidade bastante cara, e para atender a necessidade de expansão, foi criado um projeto de recuperação da área. Para atrair a instalação de empresas inovadoras, entidades de pesquisa e universidades, o jovem Distrito @22 recebeu investimentos públicos e oferecia incentivos para a ocupação. Por conta da crise econômica, o crescimento vem acontecendo mais devagar do que era esperado, mas se repetir o salto de qualidade que a cidade teve desde o início deste século, será um tremendo sucesso.
Turisticamente falando, Poblenou e o Distrito @22 não contam atualmente com muitas atrações, além de serem um pouco afastados da área central da cidade. Porém, ao considerar a boa rede de transportes os elevados valores de acomodações em Barcelona, se hospedar em um de seus novos hotéis com preços competitivos e próximos a duas excelentes praias como Bogatell e Mar Bella pode ser uma alternativa bastante viável.
Quem aprecia arquitetura contemporânea ou visita Barcelona sem pressa, dar uma volta no Distrito @22 e adjacências pode ser um programa bem interessante que deve obrigatoriamente incluir o ótimo museu de arte contemporânea Can Framis, e, se possível, o bonito Parc del Centre de Poblenou projetado pelo arquiteto Jean Nouvel, também autor da Torre Agbar.
Chegar a Poblenou e seu moderno distrito utilizando transportes públicos é bastante simples. As estações de metrô mais próximas são Llacuna e Poblenou, ambas na linha 4. Há também a alternativa do tram linha 4 que sai da estação Ciutadella/Vila Olímpica, atrás do Zoológico de Barcelona (e junto da estação de metrô com o mesmo nome), para descer na estação Ca L’Aranyó. No trajeto é possível ver o Teatre Nacional de Catalunya, o l’Auditori e na Plaça de les Glories o futuro Museu del Disseny e a Torre Agbar.
Lindíssimo!
Barça é mesmo a cidade das mil caras.
Quero todas. Até aquela torre estranha.
Belas fotos.
Aline,
Sou suspeita para falar quando se trata de Barcelona…
Feliz a sua idéia das “mil caras”: é a cara da cidade.
Obrigada pelos eleogios