Se há uma coisa da qual um visitante não pode reclamar de Paris é falta de atrações. Na condição de maior destino turístico do mundo a Cidade Luz terá sempre novidades, mesmo que não sejam tão recentes. Muitas vezes, a simples saída de uma rua principal pode conduzir à descoberta de recantos especiais a poucos metros de famosos símbolos da cidade. Um exemplo?
Ainda que não concentrando museus ou muitas atrações turísticas, a região da Place de la Bastille é frequentemente visitada por seu significado histórico. E o turista, este ser curioso, sai explorando as redondezas e acaba achando junto a toda aquela confusão um recanto inacreditavelmente bucólico, a Passage L’Homme.
Diferente das célebres passagens cobertas de Paris, a Passage L’Homme é inteiramente ao ar livre. Ligando a Rue de Charonne a Avenue Ledru-Rollin pela parte interna do quarteirão é um oásis de tranquilidade com parreiras em treliças e fachadas cobertas de hera. Com o calçamento ainda em paralelepípedos, transporta imediatamente quem entra para uma cidade do interior.
Antigamente, a região em torno do Faubourg Saint-Antoine, era afastada da área central de Paris. Basicamente habitada por trabalhadores, muitos artesãos em busca de imóveis menos caros, estabeleceram por lá suas pequenas fábricas de móveis ou oficinas de marcenaria. A Passage L’Homme, é uma das poucas remanescentes dessas modestas “galerias comercias”.
Atualmente a passagem é ocupada por pequenos edifícios de apartamentos um escritório de arquitetura e uma editora, uma loja de brinquedos retrô e alguns pequenos ateliers e galerias de arte.
O portão de uma garagem que não mais existe conserva ainda o antigo letreiro como um aviso de que o tempo parou por ali.
Muitas das antigas passagens nesta área continuam por lá. Algumas se tornaram pequenas ruas sem graça alguma, outras se transformaram em galerias exclusivas e chiques demais, como o “Cour Damoye”. A Passage L’Homme permanece quase que inalterada em sua tranquila singeleza.
É um deleite descobrir que no centro de uma cidade tão vastamente conhecida, ainda possa existir lugares como a aconchegante Passage L’Homme. São cantinhos assim que despertam a percepção para uma das mais charmosas facetas de Paris: Saber revelar seus segredos com discreta elegância.
Embora a passagem Passage L’Homme seja particular, a entrada é livre. O portão de acesso no 56 da Rue de Charonne fica aberto durante o dia, no máximo encostado. Não desanime: empurre, entre e conheça este local encantador, que miraculosamente escapou do progresso.