Uma das maneiras mais antigas e eficientes para uma loja provocar o interesse por suas mercadorias são as vitrines. Quem passa pelas ruas ou por shoppings, é muitas vezes atraído por sua originalidade, beleza ou esquisitice. Por causa dela, entra e faz uma compra não programada.
Mais que simples chamarizes, algumas vitrines são verdadeiras obras de arte. Em épocas como o Natal ou lançamento de coleções, as lojas exibem grandiosas produções disputando o título de mais criativa, interessante ou bonita. Independente de comprar, é uma tradição em Paris os habitantes e visitantes se deslocam exclusivamente para ver as vitrines dos grandes magazines.
As vitrines são uma poderosa ferramenta para aumentar ou diminuir as vendas de uma loja. Valorizando os produtos expostos, sintetizando o perfil da loja ou reforçando uma campanha publicitária, elas tem a capacidade de, em poucos segundos, cativar (ou repelir) um passante, transformando-o em cliente.
Para que essa “mágica” aconteça, os lojistas investem com seriedade em vitrines. Vultosas quantias são destinadas a cada estação e exércitos de profissionais altamente qualificados envolvidos no processo de criação e montagem de obras de arte fadadas a uma vida curta.
Numa época em que “vitrines conceito” são uma tendência, recursos de multimídia e tecnologias sofisticadas são utilizados nos elaboradíssimos cenários, é um prazer nostálgico constatar que algumas lojas antigas de Paris resistiram ao movimento, e não aposentaram seus tradicionais bonequinhos na vitrine. De maneira sutil e charmosa esses personagens acolhem seus fregueses confirmando que a qualidade de seus produtos ou serviços não mudou nem foi corroída pelo tempo.
Embora não seja saudosista, guardo boas lembranças felizes de visitas à Paris. Quando passo por acaso em frente a uma dessas lojas e percebo que os bonequinhos da vitrine ainda estão no mesmo lugar, sou envolvida por um imenso carinho. Parece que o tempo entre uma viagem e outra não passou e esses velhos conhecidos, sabendo que eu voltaria, permaneceram à minha espera, aguardando o reencontro.