As coisas mudam na vida… Não faz muito tempo, que ao planejar uma viagem para a Europa, eu caçava, e facilmente encontrava passagens aéreas a preço de banana. Maravilhada com a possibilidade de uma esticada em outro país, eu pulava feito pipoca de um canto para outro sem me incomodar com o tempo gasto com deslocamentos para os aeroportos, procedimentos de segurança e filas para embarques.
Quem voa em estilo “low cost” conhece o estresse que é administrar o peso da bagagem para não ultrapassar (e pagar caro) o limite estabelecido pela empresa aérea. Tendo como companheira de viagem uma balancinha portátil, já deu vexame em muito saguão de aeroporto, sobrepondo quatro blusas ou, se acompanhado, abrir as malas para, brincando de “escravo de Jó”, redistribuir os conteúdos dividindo o peso.
Outros inconvenientes são as clássicas pegadinhas como pagar a “passagem” da bagagem de porão no ato da compra, precisar levar o cartão de embarque previamente impresso, sob pena de pagar bem caro no balcão, além dos horários ingratos. Muitas vezes é preciso madrugar e seguir para o aeroporto com o céu ainda escuro para um embarque matutino, ou com chegada tardia, correr o risco de, ao esquecer de avisar, perder a reserva ou arcar com uma taxa adicional por um atendimento tardio na recepção de um hotel pequeno.
Por essas e outras, minha atração por voos de baixo custo diminuiu sensivelmente. A grande verdade, é que nem sempre meu perfil se encaixa no tipo de público visado por estas empresas: residentes na Europa, levando bagagem leve para uma curta estadia em outra cidade ou país.
Perdendo fregueses para as companhias aéreas, as empresas de trem decidiram entrar na concorrência e também passaram a explorar o filão. Com trens de alta velocidade e uma tentacular malha ferroviária, oferecem duração da viagem muitas vezes menor e para os que compram com antecedência, preços tão bons quanto os dos voos.
Por causa desta redução nos valores das passagens e, sobretudo, cansada de ter que monitorar constantemente o peso da bagagem, venho ultimamente planejando roteiros que privilegiem deslocamentos de trem e que dependam o mínimo possível de voos. De forma mais relaxada, continuo a aproveitar uma das mais atraentes características de uma viagem à Europa: a possibilidade de facilmente conhecer países tão diferentes e tão próximos.
Com raras exceções, como o “Eurostar” ligando Paris a Londres ou o contrário, a tranquilidade e conveniência de se poder chegar a uma estação de trens no centro de uma cidade 15 minutos (ou até menos) antes da viagem e desembarcar já no centro da outra cidade não tem preço. E tem mais: chegou, pegou a bagagem e tchau. Não existe desfile de malas na esteira, nem risco de carrinho de bagagem no calcanhar.
As vantagens de uma viagem de trem são tantas, que dediquei um post (este) ao assunto. Embora tenha tomado a decisão pessoal de evitar voar entre cidades ou países na Europa, não significa que tenha descartado a alternativa. Há circunstâncias em que um bom avião continua sendo a melhor escolha. Um percurso ferroviário que tome mais de cinco horas de um precioso dia de férias, é, por exemplo, um forte indicativo de que a opção aérea pode ser mais conveniente. Vale a pena comparar e determinar qual das duas é a mais apropriada antes de fechar a compra.