Visitar um país tradicionalmente católico como a Espanha é certeza de encontrar preciosos tesouros de arte sacra e majestosas catedrais. Cartões postais mundialmente conhecidos como a Sagrada Família em Barcelona, as Catedrais de Córdoba, Sevilha, Burgos e Santiago de Compostela, entre outras, são bons exemplos. Se no “interior” é esse luxo todo, imagine então na capital…
Quem visita a Catedral de Almudena em Madri leva um susto ao perceber que ela não é como as que se costuma ver no resto da Espanha. Bem mais despojada do que se espera, com vitrais modernos, tetos decorados com pinturas em cores vibrantes e excelente iluminação natural. Apesar de muitos espanhóis a considerarem feia ou de mau gosto, ela é, sem dúvida, inusual e provoca uma saudável sacudida nos conceitos que temos desse tipo de construção.
Essa inesperada aparência “moderna” provoca a curiosidade de quem a visita, que passa a especular por que motivo a Catedral de Almudena é tão nova por dentro: Teria sido ela reconstruída por causa de algum incêndio, terremoto ou bombardeio?
Surpreendentemente, a Catedral de Madri é nova mesmo – sua inauguração aconteceu em 1993, depois de uma obra de apenas 110 anos. A história desta igreja é bem rocambolesca, vale a pena pesquisar. Os planos surgiram logo depois de 1561, quando a capital da Espanha foi transferida de Toledo para Madri, mas as obras só começaram em 1883.
Com muitas paralizações e retomadas, a Catedral de Almudena foi erguida em épocas distintas e baseada em projetos diferentes. O resultado, é uma mistura de estilos dando um toque singular pra lá de eclético, que no fim das contas, acaba agradando a todos as tribos. Combinar a visita da Catedral com o Palácio Real é um bom programa que fica conveniente, se feito em uma quarta feira, quando acontece a troca da guardado palácio.
A Catedral ainda reserva mais uma surpresa: Sua cripta em estilo neorromânica. Os que preferem algo mais tradicional certamente irão apreciá-la. A cripta foi a primeira parte da igreja a ser concluída e é uma das maiores da Espanha.
Impressiona o conjunto de arcos sustentados por quase 400 colunas, e cada uma das que ficam na nave central tem o capitel com uma decoração diferente. Os corredores abrigam pequenas capelas e cemitérios privados adornadas com bonitas esculturas.
A obra artística de maior importância na cripta é uma imagem encontrada no século 16 da padroeira de Madrid, Nuestra Senora de la Flor de Lys, uma pintura mural datada de 1083. Os vitrais, a acústica, as pinturas, esculturas e o deambulatório dão ao local uma atmosfera de paz e contemplação. Ao contrário da Catedral, o acesso a é pago e a entrada é independente, pela Calle Mayor, 92.