Uma das grandes vantagens de destinar um pouco de tempo para pesquisas antes da viagem é poder, avaliar com maior acuidade o tempo de permanência nos destinos pretendidos. Localizada na região autônoma da Andaluzia, Córdoba, costuma ser uma rápida parada no caminho dos que estão seguindo de Madri para Granada ou Sevilha para uma breve espiada na famosa Catedral-Mesquita.

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Tudo bem que esta obra prima da arquitetura muçulmana por si só justifique a viagem, porém é um desperdício deixar de, por falta de atenção no planejamento, explorar uma cidade com um bem preservado patrimônio e riquíssimo legado histórico e cultural. Córdoba é uma cidade que costuma provocar arrependimentos: Por falta de tempo, muita coisa interessante fica sem ser conhecida.

Além da imperdível Catedral-Mesquita, um dos lugares mais visitados da cidade é o antigo bairro da Juderia, no Centro Histórico. Com suas ruas estreitas e sinuosas, é um verdadeiro labirinto repleto de casas caiadas com balcões e pátios floridos, cuidadosamente mantidos. Uma forma de iniciar a exploração de maneira impactante é conhecer antes o que restou das muralhas medievais para fazer uma entrada triunfal através da Puerta de Almodovar.

Começando na Plaza Campo Santo de los Mártires, onde fica a estátua do célebre médico e filósofo Averróes, nascido em Córdoba, a Calle Cairuan é uma pitoresca rua de pedestres que acompanha a bem preservada parte exterior da muralha, no local onde outrora ficava o fosso. O jardim e o canal formado por fontes ligadas entre si por cascatas tornam o lugar especialmente agradável e convidativo, principalmente em dias de calor.

Um pouco mais adiante já dá para ver o portal. Chamado de Bab al-Yawz, ou Puerta del Nogal, a atual Puerta de Almodóvar é, uma das duas últimas entradas remanescentes para a cidade medieval – A outra é a Puerta de Sevilla. Sua altura e solidez comprova a importância política e econômica desta cidade no passado: Córdoba foi à sede do califado na Europa e capital da Espanha muçulmana, conhecida como Al-Andalus.

Dá para notar que a entrada sofreu alterações: na parte interna, acima do acesso ainda se vê as marcas do arco em ferradura, típico da arquitetura muçulmana. É uma pena, porém a falha não compromete a beleza do conjunto formado por duas torres que ligam no centro formando uma abóbada. Para uma construção do século XIV, e mesmo considerando eventuais trabalhos de conservação, a Puerta de Almodovar está em excelente forma.

Um pouco antes do portal fica a estátua de outro importante filho de Córdoba: o grande filósofo e dramaturgo Sêneca. Uma vez apreciado este recanto especial, é hora de conhecer o, possivelmente, mais interessante bairro da cidade. Depois de um preâmbulo como este, passar pela Puerta de Almodovar tornará a entrada na Juderia quase que solene.