Uma fase trabalhosa, porém agradável é a do planejamento de uma viagem de férias. Neste processo em que imaginamos os bons momentos que virão pela frente, pesquisamos onde queremos nos hospedar, onde gostaríamos de jantar ou comer uma besteira de rua, o que visitar… Porém, a maioria deixa de lado ou esquece o capítulo “o que não quero”.
Apesar de a internet ter colocado ao alcance de todos enorme gama de informações, são sempre um pouco nebulosas, sobretudo subjetivas, as opiniões ou relatos de lugares a serem evitados em uma cidade. Cada pessoa traz consigo uma bagagem cultural diferente e sem familiaridade com costumes locais pode se sentir ameaçado onde não existe perigo, ou deixar de perceber potenciais riscos.
Sair de casa levando na mala conceitos comumente válidos em nossa cidade muitas vezes pode provocar um desperdício de adrenalina e, pior, perder boas experiências. Alguns exemplos?
Lugar escuro é perigoso
Nem sempre: Lembro um episódio em uma antiga viagem que foi motivo de risadas na família: Voltando em torno de nove horas da noite para o hotel em um bairro residencial de Berlim, ao passar por uma praça escura ouvimos sons e percebemos movimento por trás dos arbustos. Premeditando o breque, nos distanciamos do “ponto de ameaça”. Alguns segundos depois emerge um bando de meninos de seis anos de idade, desacompanhados, perseguindo uma bola…
Mulheres sozinhas tarde da noite
Nem sempre se trata de uma vizinhança perigosa ou reduto de drogas e vadiagem. Quase sempre o significado é precisamente o oposto. O lugar é suficientemente seguro a ponto de permitir que estudantes ou profissionais do sexo feminino possam sair e se divertir à noite voltando para casa de forma barata em transportes públicos sem preocupações;
Lixo nas ruas
Mesmo os países ricos têm bairros ou áreas pobres, e como são densamente povoados é natural que a produção de lixo seja maior do que a capacidade de coleta. Agora, se este lixo tem uma forte concentração de seringas, folhas de alumínio, vale procurar outro caminho. E mais: lixeiros do mundo inteiro fazem greves;
Presença de Grafitti
Antigamente indicativo de bairros afastados e potencialmente perigosos, o grafite ganhou espaço em áreas nobres e é reconhecido como manifestação de arte urbana com um bocado de trabalhos com real qualidade artística. É completamente diferente de pichação.
Ou seja, muitas vezes, nossas ideias preconcebidas podem enganar e nem sempre o tempo de permanência em uma cidade é suficiente para que os códigos locais sejam absorvidos. Ainda assim, existem alguns indícios clássicos que atestam a segurança ou não de uma região:
Famílias com crianças passeando à noite ou pessoas claramente trajadas indo ou voltando do trabalho são bons “sinais verdes”, enquanto não idosos parados por muito tempo no mesmo lugar fora do horário de almoço podem sugerir cautela.
De maneira geral, quem visita uma cidade dificilmente se distancia muito das áreas turísticas, onde se concentram as atrações. Apesar de existirem lugares extremamente perigosos, a maior parte dos problemas para quem está em uma cidade europeia são os batedores de carteira ou os golpistas que se aproveitam do olho grande de um turista.
Quanto aos infelizmente possíveis atos terroristas, não há como se resguardar. Quem visita a Europa deve ir ciente dos riscos e uma vez lá, trocar a impaciência por compreensão com as frequentes revistas e procedimentos de segurança comuns em estações de transportes, lojas ou monumentos.