Quem está em Lisboa, dificilmente deixa de visitar uma de suas maiores atrações, o Castelo de São Jorge. E quem visita o Castelo, certamente aproveita para, também conhecer a Catedral, ou a Sé, um pouco mais abaixo. Uma vez no caminho de descida, dá uma olhada na vizinha Igreja de Santo Antônio e fica na dúvida se entra ou não no colado Museu de Santo Antônio. Quer uma sugestão? Vá, sim.
O Museu Santo António, que em 2014 passou a ocupar o espaço do anterior Museu Antoniano, sofreu uma intervenção que duplicou a área de exposição com a anexação da antiga “Sala do Risco”, em um prédio contíguo. O projeto de restauração também incluiu a retirada de acréscimos feitos ao longo dos tempos que descaracterizavam as edificações. O resultado foi um fiel resgate das formas originais.
Ainda que ressaltada a estética do passado, o projeto não ignorou o contemporâneo: A entrada para o museu, que fica em uma pequena parte da fachada, recebeu um moderno revestimento em metal perfurado. Apesar de, na época da instalação, ter criado controvérsias – acharam parecida com uma grelha de fogão, um engradado de cerveja ou uma parede de escalada – o resultado é muito esperto. Assinalando de forma bastante clara que aquele espaço, apesar de contíguo, não é parte da Igreja de Santo Antônio, tem ainda a função de camuflar os aparelhos de climatização do espaço.
O grande mérito deste museu é que, apesar de ser dedicado a um santo católico, o foco principal não é o aspecto religioso. A ideia é mostrar as diversas formas que os lisboetas utilizam para exprimir sua devoção por Santo Antônio. Seja através dos prosaicos objetos da vida cotidiana ou de obras de arte, o que se percebe é uma relação em um nível tão sem cerimônia, que revelada a um visitante, cria uma espécie de intimidade com os habitantes da cidade.
Reunindo variados tipos de estatuetas e gravuras comumente presentes nas casas lisboetas, azulejos com ilustrações de milagres, embalagens de balas, maços de cigarro e antigas cédulas de escudos portugueses retratando Santo Antônio, a exposição também apresenta alguns hábitos, como o de torturar a figura do santo, afogando ou amarrando de cabeça para baixo, até que o pedido seja concedido.
O Museu Santo António é pequeno, porém suficiente para mostrar além da trajetória do santo a história dos costumes populares de Lisboa através de sua devoção. Com muito bom gosto, muita cor e modernos recursos audiovisuais, proporciona uma visita rápida, instrutiva e divertida. Foi com surpresa que lá descobri que, apesar de tão querido, o santo padroeiro da cidade é São Vicente.
Embora não seja o patrono da cidade, com certeza Santo Antônio é o mais popular. Quem visita Lisboa perto do dia 13 de junho, deve aproveitar a chance de participar da imensa festa que toma conta de todos os bairros. Os mais antigos como Alfama, Bairro Alto e Mouraria têm suas ruas enfeitadas e não faltam bailes, concursos, sardinhas assadas, arroz doce e sangria.
O Museu Santo António é um dentre os quatro espaços distintos que integram o Museu de Lisboa. Localizado ao lado da Igreja de Santo Antônio, no Largo de Santo Antônio da Sé, 24, funciona das terças aos domingos entre 10h00 e 18h00. Os transporte que servem a “paragem”, mais próxima, a “Sé”, são os “autocarros” da linha (carreira) 737 e os “eléctricos” 12 e 28. Para mais informações: http://www.museudelisboa.pt/informacoes/