Conhecer Istambul era um desejo de longa data. Inseri-la em um roteiro europeu sempre se mostrava um desafio infrutífero. Por ficar um pouco longe, não dava para chegar lá em um prosaico (e barato) vôo de uma ou duas horas. Todas as alternativas se mostravam inadequadas: Desde ter que fazer uma das conexões em um lugar que não estava no programa, ou passagens só vendidas na modalidade ida e volta, duplicando a despesa e queimando tempo, ou horários malucos com chegadas ou partidas no meio da madrugada, ou simplesmente vôos caros, um conceito que me provoca alergia.

A oportunidade finalmente apareceu. Nessa viagem estava nos planos passar uns dias em Atenas, que fica a apenas uma hora de vôo de Istambul. Faltava encontrar, e logo consegui, um vôo barato e num horário humano para Amsterdam, de onde voltaria para casa.

Compradas as passagens aéreas surgiu um pequeno problema. A chegada em Istambul seria pelo Aeroporto de Ataturk e a saída pelo Aeroporto Sabiha Gokçen. Lendo algumas resenhas que desabonavam os motoristas de taxi da cidade e insegura por não falar turco, considerei agendar previamente pela Internet um serviço de “transfer”. Visitei os sítios de algumas empresas e nenhuma delas oferecia uma alternativa de ida e volta envolvendo dois aeroportos diferentes. Comprar em separado ficaria bem caro e, como já mencionei não gosto desta palavra.

Pesquisa vai pesquisa vem, acabei encontrando o Havas Bus, um serviço de ônibus que liga a Praça de Taksim, no centro de Istambul, aos dois aeroportos e que funciona das quatro da madrugada até meia noite, ou seja, atendendo inclusive àqueles vôos em horários esdrúxulos que eu tanto fugia. Foi bom eu não ter sabido antes. Certamente teria obrigado meus acompanhantes a encarar o sacrifício.

Ambos os trajetos são interessantes (a cidade ajuda), mas o da chegada foi particularmente bonito. Quem entra pelo Aeroporto de Ataturk tem a oportunidade de pelo caminho passar por baixo do aqueduto de Valens, que supria de água a Constantinopla medieval e ver os minaretes da Mesquita Azul além da Basilica de Santa Sofia.

Na visita que fizemos a Istambul, preferimos imitar a escritora Agatha Christie nos hospedando na região de Beyoglu, próximo a movimentada rua Istiklal Caddesi. O ônibus que nos trouxe do aeroporto fazia uma parada em Tepebasi, pertinho do hotel. O motorista gentilmente desceu e nos ajudou a tirar as malas do bagageiro. Assim que o ônibus partiu, deu para ver mais adiante os reflexos do sol sobre as águas do Estreito de Bósforo.

O Havas Bus é meu herói. O transporte é eficiente, pontual, barato, e confiável. O ponto de chegada/saída em Istambul, fica na Praça Taksim e não poderia ser mais bem conectado – todas as regiões de Istambul são ligadas a ela por transportes públicos. Não há quem não a conheça na cidade. Na hora de ir embora, carregado com malas, não será preciso se desgastar explicando ao motorista do taxi como chegar lá. É por favor (“lutfen”), Praça Taksim (“Taksim Meydani”) , Havas Bus, e obrigado (“tesekkur ederim”).

O serviço de ônibus não se restringe apenas a Istambul. Quem voa para outras cidades na Turquia pode também contar com o Havas Bus. A verba para o “shuttle” ou para o taxi pode ser agradavelmente desviada para os fantásticos doces turcos, sem perder o conforto.