Transportes públicos urbanos em grandes cidades européias são os melhores amigos de um turista. Confiáveis, pontuais, com sinalização clara, mesmo para não residentes, muitos oferecem simuladores online incluindo versões para telefones celulares (Alguns, neste post). As abrangentes redes liberam o visitante de despesas e preocupações com locação de veículos ou taxis, permitindo deslocamentos de forma independente e econômica.
Apesar do excelente padrão, a perfeição não existe. Como em qualquer lugar do mundo, nos horários de pico haverá longas filas em bilheterias de metrô, composições lotadas e serviço acabando à meia noite. Os ônibus enfrentam um tráfego caótico, com itinerários serpenteantes e, na madrugada, a frequência reduzida obriga a longas esperas na parada. Mesmo encarando os inconvenientes na esportiva, é útil conhecer outra alternativa de transporte público: a bicicleta.
Com o objetivo de diminuir a quantidade de veículos em circulação além de reduzir a poluição, os sistemas públicos de compartilhamento de bicicletas vêm sendo adotados por um crescente numero de cidades com enorme sucesso – Aqui no Rio de Janeiro é uma febre. O projeto é normalmente patrocinado e administrado pela iniciativa privada, que colocando nas bicicletas sua identidade visual, previne furtos, além de fazer uma excelente divulgação da marca.
O esquema é extremamente prático, pois as bicicletas podem ser retiradas e devolvidas em qualquer das estações espalhadas pela cidade. A ideia é que sirvam para pequenos deslocamentos, por isso, períodos de curto uso (em média 30 minutos). Costumam ter tarifas baixas e, em alguns casos, gratuidade. O processo pode ser repetido infinitas vezes, estacionando e pegando uma nova bicicleta nas estações ao longo do trajeto. Dá para rodar a cidade inteira a um custo baixíssimo sem precisar carregar correntes ou cadeados. Se o pneu furar, basta trocar por outra.
De maneira geral, para ter acesso ao serviço é necessário um cadastramento prévio disponível online. O usuário informa os dados de seu cartão de crédito, podendo em alguns casos, comprar com antecedência ou recarregar períodos de utilização. Muitos sistemas remetem um código que pode ser digitado na estação na hora de pegar a bicicleta, ou por mensagem SMS pelo telefone. Em outros, a ativação é feita com a inserção do cartão de crédito previamente cadastrado.
Com valores quase simbólicos é uma alternativa bastante econômica, saudável e generosa com o meio ambiente. Para um turista, pode funcionar como mais uma opção de lazer, e a chance de descobrir recantos menos óbvios, não alcançados por veículos.
Infelizmente, muitas cidades disponibilizam o serviço apenas para residentes. O visitante que quiser pedalar, terá que alugar uma bicicleta nos moldes convencionais. Vai precisar prendê-la com corrente e cadeado cada vez que desmontar para fotografar, almoçar ou ir ao banheiro. Terá também que devolvê-la no endereço onde pegou e durante o expediente da locadora.
Algumas cidades descobriram o “caminho do meio”, oferecendo o serviço para usuários eventuais (turistas) por períodos menores, como um dia ou uma semana. Não é preciso portar nenhum tipo de documento físico para liberar a bicicleta da estação, nem é exigido um endereço local. No cadastramento online, é feito o bloqueio de um valor (elevado) no cartão de crédito, que funciona como caução.
Há ainda uma terceira categoria de cidades que, com serviços bastante amigáveis, incentivam o uso por turistas. Cito com louvor os exemplos de Roma e Londres. O esquema do cadastramento é semelhante, sendo fornecidos os dados do cartão de crédito ou de débito. Em caso de avaria, perda ou não devolução da bicicleta, o valor do conserto ou reposição é debitado proporcionalmente ao nível do dano, conforme uma tabela.
Com vontade de experimentar o sistema em futuras viagens, venho pesquisando e anotando as características de algumas cidades. Era um trabalho lento e enjoado até eu descobrir o blog “Bike-sharing” com tudo destrinchado. Além de boas informações, são marcadas e atualizadas em um mapa do Google as cidades do mundo que oferecem este tipo de serviço, bem como seus respectivos links. Nada mais adequado que a informação seja compartilhada:http://bike-sharing.blogspot.com
Aproveito para lembrar que 22 de setembro é o Dia Mundial sem Carro. O movimento, que começou em cidades europeias tem como objetivo fazer com que as pessoas percebam que carros não são sempre o meio de transporte mais prático ou veloz. Esta comemoração que a cada ano conquista mais adeptos, propõe que os cidadãos experimentem, ao menos por um dia no ano, alternativas de locomoção mais saudáveis, menos estressantes e não poluentes, como a bicicleta. Veja as cidades que participam: http://www.mobilityweek.eu/