Uma das boas coisas de se viajar é espiar como são as coisas em um lugar diferente daquele em que moramos. Com esta permissão concedida por nós mesmos, parece que nossa percepção se aguça e passamos a observar não só os destinos de nossos passeios, mas também tudo o que encontramos no caminho, incluindo as manifestações de arte urbana.
Por ser uma admiradora desse tipo de criação, procuro acompanhar o que vem surgindo de novo nas cidades que planejo visitar, para dar uma conferida. Embora o tempo seja curto e essas obras fiquem normalmente na periferia, quase sempre consigo ver alguma e ter a sensação que estou conhecendo um trabalho que amanhã estará em uma galeria de arte, como aconteceu com os famosos Miss-Tic e Invader em Paris, futuros acervos de museus.
Como arte urbana não escolhe hora nem lugar, ela só precisa de um cantinho para brotar. Muitas vezes, na função de turista que tem tempo para reparar em cada desnível de paralelepípedo, podemos encontrar em pleno centro de uma cidade além de trabalhos de qualidade, inesperadas manifestações de arte, criativas e bem humoradas, como as “customizações” de placas de contramão.
Diferente de muitas obras que surgem na periferia e vão aos poucos fazendo sucesso e conquistando as áreas mais nobres, encontrei a maior parte dessas placas em ruas bem centrais. Embora possa ser arriscado para o autor, é pena que nenhuma tenha assinatura. Seria uma oportunidade de se projetar, e quem sabe, ter um destino semelhante ao de Edith Piaf, que começou cantando nas ruas e alcançou estrelato internacional.